Casa de Hermes é um blog criado especialmente para troca de experiências. É sabido que vivemos em um constante processo de interdependência e a expressão popular "uma andorinha só não faz verão" caracteriza bem essa "necessidade". Assim como quando criança, carecemos de nossos pais para nos ensinar os primeiros passos, por toda a vida carecemos uns dos outros para nos encontrar nos mais derradeiros caminhos...

O nome é Análogo, pois remete a Hermes Trismegistus ( "Hermes, o três vezes grande") e a sua casa, "A ciência dos Deuses", onde edificou a sua doutrina; Gnosis, Daath.

Novo no Blog? Clique no link "Por onde começar" e entenda o "chamado da alma".

"Siga sua bem-aventurança até lá, onde há um profundo sentido do seu ser, lá onde seu corpo e sua alma querem ir. Quando você alcançar essa sensação, fique aí e não deixe ninguém arrancá-lo desse lugar. E portas se abrirão onde você nem sequer imaginava que pudesse haver algo."

Joseph Campbell

domingo, 9 de março de 2014

O Diário Mágico - Parte 1


      Afinal, o que é e para que serve um Diário Mágico?    


      Um Diário Mágico é um livro de memória, geralmente de caráter íntimo, onde se fazem anotações que contém um registro sistemático das experiências pessoais, tais como insights, experimentos, reflexões, exercícios e sonhos; é uma maneira de fixar "temporariamente" o instante ou "aquele que não mais voltará", para que o mesmo seja revisto em um momento oportuno.
      
      O DM (usarei esta abreviação de agora em diante) é um meio valioso para avaliar o desenvolver de toda a jornada iniciática e sua serventia vai muito além da ideia de um simples livro de registros. A verdade é que não importa o quão boa seja a sua memória, detalhes importantes podem ser esquecidos ou pior, você pode ser vítima de uma Memória Ilusória.


diário mágico, franz bardon, aprender magia

   
      Infelizmente, grande parte dos "pseudo-iniciados" de nossa era subestimam a sua importância e com isso, além de atrasar o seu desenvolvimento, correm um grande risco de cair em uma das muitas e perigosas armadilhas do engano.
      
      Verdade, podemos esquecer coisas relevantes, nos enganar... 
      
      Mas, espera ai; o que é uma Memória Ilusória?

      Memória ilusória é um termo utilizado para se referir a quaisquer informações armazenadas na memória sem um estímulo real objetivo, mas que são recordadas como se tivessem sido efetivamente vivenciadas pelo sujeito. Não é o objetivo deste Post explanar detalhes sobre a Memória Ilusória (ou Memória Falsa), porém aconselho os interessados a pesquisar mais a respeito.

      A verdade, é que uma parte considerável de nossas memórias comuns é produto de nossa imaginação, por isso o DM é imprescindível, tanto para desenvolver a memória, quanto para mantê-la o mais próximo possível dos "padrões de realidade". Registrar detalhadamente uma determinada experiência no diário nos ajuda a manter uma lembrança quase exata do que ocorreu, como ocorreu, porque ocorreu, com quem ocorreu, quando ocorreu e onde ocorreu.


      (...) Adote um Diário Mágico e tome nota de todas as facetas negativas de sua alma. Esse Diário deve ser de seu uso exclusivo e não deve ser mostrado a ninguém; é assim chamado LIVRO DE CONTROLE, só seu. No autocontrole de seus defeitos, hábitos, paixões, impulsos e outros traços desagradáveis de caráter, você deve ser rígido e duro consigo mesmo. (...)
     Franz Bardon - Iniciação ao Hermetismo

      A importância da autoavaliação:


      (...) Esse Diário servirá para o controle pessoal de sua escalada. (...)
Franz Bardon - Iniciação ao Hermetismo
                                                                                           
      É comum ao estudante de qualquer disciplina se questionar quanto a seu próprio desenvolvimento.


diário mágico, autocrítica, aprender magia

   
      Quanto avancei neste período?
      Será que estou indo bem?
      O que preciso corrigir para melhorar?

      Para se obter a resposta destas perguntas precisaremos de uma referência, e é justamente ai que entra o DM. Com ele poderemos comparar e medir nossos passos no caminho, construir um panorama geral e nos avaliar em detalhes e com isso, sofisticar nosso "Modus Operandi" iniciático. O LIBER E VEL EXERCITIORUM, publicação de Classe B da A:.A:. nos elucida quanto ao nível de detalhes com o qual devemos anotar o registro, estes detalhes serão fundamentais tanto para a auto-avaliação, quanto para a não ocorrência de problemas decorrentes de possíveis falhas na memória.



I
      1. É absolutamente necessário que todos os experimentos sejam anotados detalhadamente, durante ou imediatamente após a sua realização.
      2. É muito importante anotar as condições físicas e mentais do(s) experimentador(es).
      3. A hora e o lugar de todos os experimentos devem ser anotados; também o estado do tempo e, em geral, todas as condições que poderiam ter alguma influência sobre os resultados dos experimentos, quer colaborando ou causando diretamente o resultado, quer o inibindo, ou como fontes de erro.
      4. A A.·. A.·. não tomará nota oficial de quaisquer experimentos que não sejam apropriadamente anotados.
      5. Nesse estágio não é necessário que declaremos por completo o propósito de nossas pesquisas; nem seria este compreendido por aqueles que não se tornaram peritos nestes cursos elementares.
      6. Ao experimentador se aconselha que use sua própria inteligência, e não confie em qualquer outra pessoa, embora distinta, mesmo entre nós mesmos.
      7. O registro escrito dos experimentos deve ser feito de forma inteligível, para que outros possam se beneficiar de seu estudo.
      8. O livro João São João, publicado no primeiro número do Equinox é um exemplo deste tipo de relatório redigido por um estudante avançado. Não é tão simples escrevê-lo quanto poderíamos desejar, mas mostrarão o método.
      9. Quanto mais científico for o relatório, melhor. Contudo, as emoções devem ser anotadas, sendo parte das condições gerais. Que, então, o registro seja escrito com sinceridade e cuidado; com a prática, ele se aproximará cada vez mais do ideal.
LIBER E VEL EXERCITIORUM

      Aqueles que desejarem fazer uma leitura completa do "Liber e Vel Exercitiorum" poderão ter acesso a ele no link "Biblioteca", localizado na parte inferior direita desta página (logo abaixo da tabela de Efemérides Astrológicas e Fases da Lua).

      Conclusão:

      Em definitivo, a prática do DM não é algo que se pode negligenciar durante o processo iniciático, processo este que dura toda a vida. É uma ferramenta para o autoconhecimento, pois através de suas consultas podemos nos descobrir diferentes, iguais, melhores, maiores, menores ou piores e com estes dados em mãos podemos "escalar" de maneira mais segura, consciente, e enfim, EFICIENTE, rumo aos méritos de toda Grande Obra .


      Em meu próximo Post "O Diário Mágico - Parte 2 Aleph - O Louco", irei compartilhar maiores detalhes sobre a construção de um DM e citarei alguns exemplos para uma melhor compreensão do tema.

      Nota:

      Novamente, ressalto a importância do autoconhecimento, pois um homem que não se conhece jamais será capaz de encontrar a imagem do Criador que existe dentro de cada um de nós.
   
      "Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses."
Inscrição à entrada do Santuário de Delfos, na Grécia


diário mágico, delfos, aprender magia
      

      Por favor, fiquem à vontade para expor seus comentários, opiniões, dúvidas e sugestões.

 Frater Khronos (Jorge Wenceslau)

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Por onde começar?


      Todos, em um ou outro momento na vida, nos pegamos sem saber o que fazer. A “Vontade” (Thelema) às vezes nos chama implacavelmente e passamos a querer algo a mais, algo além de tudo aquilo que temos ou somos, e é neste interim que nos debatemos com o primeiro problema da evolução: O novo! Kabbalistas de todos os tempos afirmam que o "desejo pela espiritualidade" é o primeiro passo para a ascensão na grande árvore, e o segundo? Qual seria? Como poderemos atravessar o deserto se desconhecemos o caminho? O fato é que o novo mete medo em muita gente! E é este o primeiro inimigo que precisamos combater; mas antes de falar sobre ele, prefiro falar sobre a "Estrada" em que nos propomos a viajar.

      Gnosis, Daath. Estas são as duas palavras que designam o "Conhecimento", uma grega e a outra hebreia, respectivamente. Eliphas Lévi definiu a "Magia" da seguinte maneira:

      “A Magia é a ciência tradicional dos segredos da natureza, que provém dos magos. Por meio dessa ciência, o adepto se acha investido de uma onipotência relativa e pode operar sobre-humanamente, ou seja, de uma maneira que não está ao alcance dos demais homens. “
                                                      Eliphas Lévi - Dogma e Ritual da Alta Magia.

vontade, hermes, aprender magia, thelema


O que diferencia a "pessoa comum" do Mago é justamente o fato de que o "Iniciado" não se atém ao senso comum. Ele possui o "conhecimento" ou frações dele; Gnosis, Daath.

      Este é o caminho da Magia; O conhecimento!

      Assim, como na alegoria  do Caminho largo e do caminho estreito, o caminho da Magia e o caminho da ignorância são igualmente desproporcionais. Vamos agora falar acerca do primeiro inimigo que geralmente encontramos neste caminho.

      Tudo no universo é cíclico, tudo aquilo que "está inerte" está morto. Hermes Trismegistus nos expõe isso em sua terceira lei:  

      A Lei da vibração: 
"Nada está parado, tudo se move, tudo vibra"
                                                                   Hermes Trismegistus - Caibalion. 

lei de vibração, hermes, aprender magia


      A Pergunta é: - Estamos aqui para conservar velhos conceitos ou para descobrir novas verdades? Para nos mover ou para esperar? Quando o novo se choca com o velho, esta magnífica pergunta vem à tona e nos dirige aquele discreto ponto que divide os dois caminhos.

      “O homem que ama suas ideias e que receia desvencilhar-se delas, aquele que teme as novas verdades e não está disposto a duvidar de tudo antes de admitir algo ao acaso deve fechar este livro, (...).” 
                                                     Eliphas Lévi - Dogma e Ritual da Alta Magia.

      Desapegar-se das coisas do passado é procedimento fundamental para um novo futuro, do contrário o futuro não passaria de meras repetições do passado. Não haveria nenhum caminhar, apenas inércia. Será que estamos dispostos a questionar aquilo que acreditamos com tanto afinco? Será que estamos dispostos a encarar o novo, mesmo que o novo se manifeste em profunda escuridão? 
      Antes de procurar por mais respostas, se faz necessário uma pergunta prévia. No interior de nossos "lares", devemos nos perguntar:
      Estamos preparados?
      Pois só então estaremos seguramente aptos a caminhar!

      "Ó homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses." - Essa mensagem foi escrita há muito tempo em um Templo consagrado ao deus Apolo, em Delfos, na Grécia, e nela encontramos a instrução para o primeiro passo de nossa caminhada:
      Por onde começar?
      Comece por si mesmo!

      Hermeticamente falando, somos todos uma expressão individualizada e limitada do Universal, no Tanakh (Principal conjunto dos livros sagrados Judeus, equivalente ao Antigo Testamento Cristão), encontramos a curiosa mensagem: "Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo." - Salmos 82:6.

      Há uma centelha divina em cada um de nós! Sua Vontade (Thelema) será o seu Princípio (Aleph), e com coragem descobrirá que a ciência (Gnosis, Daath) de "todas estas coisas" será o veículo (Ágape) que lhe conduzirá aos méritos de sua Grande Obra. 
    
     Jorge Wenceslau (Khronos)

Voltar para "Página Inicial"